02/05/2013

Instituto combate preconceito contra exame de próstata com campanha nas ruas

Ação do Instituto Lado a Lado é continuidade da campanha “Um toque, um drible”


Placa da Campanha Nacional de Combate ao Câncer de Próstata "Um toque, um drible". Foto: Divulgação

Flávia Albuquerque
Agência Brasil

Para alertar a população masculina sobre os riscos do câncer de próstata, um grupo do Instituto Lado a Lado fez hoje (2), na Praça da Sé, região central da capital paulista, uma ação de conscientização, na qual distribuiu folhetos e combateu o preconceito contra o exame de toque retal. A ação é continuidade da campanha “Um toque, um drible”, que já é desenvolvida pelo instituto.

Desta vez, ao conversar com os homens, o grupo tirou fotografias dos abordados segurando um cartaz onde estava escrito “Seu preconceito não me representa”. As fotos vão para um mural no site da campanha - www.umtoqueumdrible.com.br -, que traz informações amplas sobre o câncer de próstata e tudo o que envolve a doença.

De acordo com a supervisora de comunicação do Instituto Lado a Lado, Juliana Lamota, a campanha quer mostrar que o exame de toque retal não é desconfortável nem altera a masculinidade, além de ser imprescindível, porque não há um exame que o substitua.

“Queremos mostrar que o preconceito não vai levar a nada. Se a pessoa for detectada com câncer em estágio mais avançado tem chance de cura muito inferior à que teria se fosse diagnosticada no início”.

“O objetivo da ação de hoje é tirarmos as fotos para o mural. As pessoas podem tirar a própria foto com uma webcam ou, se preferirem, podem fotografar com o celular usando o [aplicativo] Instagram. Usando a hashtag seupreconceitonaomerepresenta, a foto já entra automaticamente no mural”, explicou Juliana.

O câncer de próstata é o mais comum entre os homens e, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de casos da doença ultrapassou 60 mil em 2012. A estimativa é que um em cada seis homens tenha câncer de próstata no futuro. “Por isso é importante a consciência de fazer o exame, não só a partir dos 50 anos. A ideia é que [o homem], desde jovem, já esteja ciente de que vai ter que fazer o exame e que isso não é um martírio, e sim simplesmente um cuidado com a saúde”.

A próstata é uma glândula masculina do tamanho de uma castanha e está localizada na parte baixa do abdômen, logo abaixo da bexiga. Como os outros exames não conseguem chegar até a região, com o toque do médico é possível identificar aumento, anomalia ou endurecimento da região.

Os principais sintomas do câncer de próstata são dificuldade para urinar, pouca urina, dor ao ejacular, dor nos ossos e sangue na urina ou no sêmen. Como os sintomas não aparecem em muitos homens, a maioria acredita que não tem nada e não vai ao médico, o que leva ao diagnóstico tardio, com o tumor em estágio avançado. O tratamento depende da avaliação da doença, variando de pessoa para pessoa e podendo chegar até a retirada total da glândula.

O mecânico aposentado Mariano Lacerda tem 64 anos e faz tratamento de um tumor benigno na próstata há seis anos. Ele descobriu que havia alguma coisa errada ao perceber que não conseguia mais urinar. Procurou o médico e foi diagnosticado. A falta de tempo devido à corrida diária e ao trabalho foi o principal motivo que o impediu de fazer os exames logo que os sintomas surgiram.

“Eu posso falar para todos deixarem o preconceito de lado e colocarem a saúde em primeiro lugar. Eu não fiz o exame não por preconceito, mas porque não tinha tempo nem para respirar. Mas quando descobri o problema, deixei ao comando do médico”.

O mecânico Mariano Larcerda, 64 anos.
Foto: Marcelo Camargo/ABr

O aposentado de 68 anos Sebastião Venturelli contou que faz o exame desde os 40 anos e avaliou esse hábito como muito importante para a preservação e prolongamento a vida. “Eu nunca tive preconceito e até apoio a ideia de preservarmos a nossa saúde, porque o índice de câncer de próstata é alarmante no nosso país justamente por causa do preconceito”.

Venturelli disse que tem muitos amigos que são preconceituosos, e para tentar mudar a resistência deles faz brincadeiras sobre o exame. “Na brincadeira, eu já consegui convencer muitos a irem ao médico”.

O aposentado Sebastião Venturelli, 68 anos.
Foto: Marcelo Camargo/ABr

Ângelo Victor Malacrida, aderiu à campanha
Foto: Marcelo Camargo/ABr


Ação da campanha "um toque, um drible", realizada na Praça da Sé, em São Paulo
Foto: Marcelo Camargo/ABr

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