28/08/2017

CONFEF solicita direito de resposta sobre cena exibida em A Força do Querer

Presidente do Conselho pediu punição para personagem que vendeu hormônio em academia


Cena em que um professor de academia vende hormônio para a personagem Ivana, da novela "A Força do Querer". Foto: TV Globo/Reprodução

Na sexta-feira passada (25), Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, enviou um ofício para a Rede Globo para solicitar direito de resposta sobre uma cena exibida da novela "A Força do Querer" que mostra um caso de exercício ilegal da profissão.

Na cena, que foi ao ar na última quinta-feira (24), um personagem que representa um professor de academia vende hormônio dentro de uma academia para uma cliente, interpretada pela atriz Carol Duarte.

De acordo com o artigo 47 da Lei de Contravenções Penais, a prescrição e o fornecimento de hormônios é considerado exercício ilegal da profissão e pode acarretar a suspensão do exercício profissional.

Segundo Steinhilber, a veiculação da cena "leva os telespectadores a desabonar o profissional que trabalha, diariamente, em prol da saúde de seus beneficiários".

Apesar de a novela não caracterizar o personagem como um profissional da Educação Física, Jorge afirma que "o senso comum leva a essa compreensão".

O presidente do CONFEF destacou que a venda de hormônios é realizada por criminosos que não atuam exclusivamente em academias. "Indivíduos de má índole estão em todos os lugares, independentemente da profissão. O Profissional de Educação Física, por outro lado, é o profissional que atua – ativamente – orientando os jovens em formação e aos adultos em geral sobre os perigos do uso dessas substâncias", salientou.

No final do ofício, Steinhilber solicita que o personagem que vendeu o hormônio seja punido por sua conduta. "Que em algum capítulo da novela, o indivíduo que entregou a 'droga' seja devidamente fiscalizado e preso por tráfico e por exercício ilegal da profissão". Leia o ofício, na íntegra, abaixo.

Solicitação - Novela "A Força do Querer"

A Rede Globo tem sido pontual em apresentar em sua programação temas que geram o debate de pontos polêmicos e conjunturais. Na novela “A Força do Querer”, especificamente, o debate sobre questões de gênero e relações familiares busca desmistificar preconceitos ao abordar temas como a diversidade.

Contudo, faz-se necessário que tais abordagens sejam procedidas e veiculadas no sentido de não motivar pessoas a adotarem procedimentos prejudicais a saúde e à vida, ou que conduzam as pessoas à pós-verdade, como as veiculadas no capítulo de 24 de agosto. No episódio, foi apresentado um local evidenciado como academia, onde uma pessoa caracterizada como “professor de Academia” comercializou esteroides anabolizantes. Tal procedimento, nesse momento, pode ser identificado como um desserviço social.

Pesquisas recentes demonstram que a obesidade é uma pandemia no Brasil e que a inatividade física é uma das causas. Deste modo, a atividade física é considerada, atualmente, um dos melhores e mais baratos remédios de combate à doença. Temos envidado esforços e promovido campanhas incentivando a população a praticar exercícios físicos, sobretudo sob orientação de Profissionais de Educação Física a fim de assegurar a qualidade e segurança da atividade durante a prática.

Igualmente, atuamos em parceria com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem – ABCD, do Ministério do Esporte, contra o uso indiscriminado de qualquer “droga”. Pois é necessário alertar os jovens quanto aos riscos à saúde da utilização de tais produtos sem o devido acompanhamento médico.

Faltando pouco mais de uma semana para celebrar o Dia do Profissional de Educação Física (1º de setembro), a categoria foi surpreendida com a cena que leva os telespectadores a desabonar o profissional que trabalha, diariamente, em prol da saúde de seus beneficiários. É verdade que, FELIZMENTE, a novela não caracteriza o indivíduo como Profissional de Educação Física. Contudo, o contexto, pelo senso comum, leva a essa
compreensão.

Infelizmente, a venda de esteroides anabolizantes é realizada por criminosos em diversos locais, como lojas de suplementos, farmácias, internet, entre outros. Indivíduos de má índole estão em todos os lugares, independentemente da profissão. O Profissional de Educação Física, por outro lado, é o profissional que atua – ativamente – orientando os jovens em formação e aos adultos em geral sobre os perigos do uso dessas substâncias.

Nossa argumentação, neste momento, está calcada na ação de incentivar as pessoas à prática de atividades físicas. Deste modo, veicular que em locais onde são ofertadas práticas de saúde, são vendidos também anabolizantes, e que os mesmos são traficados pelas pessoas que prestam esses serviços, causa uma preocupação aos telespectadores e é um desserviço.

Viemos, por meio deste, SOLICITAR, ROGAR a V.Sa., que em algum capítulo da novela, o indivíduo que entregou a “droga” seja devidamente fiscalizado e preso por tráfico e por exercício ilegal da profissão, resgatando a confiança da sociedade nas Academias e nos profissionais que atuam de forma ética, preservando a saúde e a vida das pessoas.

Certos de contarmos com a colaboração no resgate à moralidade, colocando-nos à disposição, apresentamos nossas saudações.

Jorge Steinhilber
Presidente do CONFEF
CREF 0000002/G-RJ

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